Eu quero imprimir, tatuar, escancarar aos quatro ventos cada linha desse texto. Ele traduz demais tudo o que vejo e penso sobre IA de uma maneira genial. De verdade, obrigada por ele! Que incrível!
eu não aguento mais explicar que IA nunca teve, não tem e nunca terá consciência rs mas as pessoas estão num outro nível, uma parada de identificação, como se a IA fosse parte delas. sabe? enfim.
obrigada pelo texto, IA não tem consciência e nem tesão mesmo
SIM!! As pessoas estão num delírio de identificação e sensação de acolhimento que me deixar meio preocupada na real. Sigo disposta até a desenhar pra entenderem que robô é robô e gente é gente
Oii! Primeiro, que bom que curtiu, e feliz que voce sentiu que rendia a conversa! Vamos lá, por itens:
1) eu acho que essa questão de dados e trabalho sendo apropriado por empresas de tech é bem maior que IA, entra na lógica econômica do mercado de tech que se alimenta dessa troca de conveniência por dados. Eu acho que não é uma coisa individual, que todo mundo tinha que largar as redes etx, acho que podemos olhar para isso como uma troca mutua, ma sonha preocupação é que a gente está do lado mais fraco, com menos poder econômico e político, e sem controle do jogo. A assimetria da relação não é algo claro pra todo mundo, e no geral temos uma ilusão de agência e escolha. Eu não tenho uma medida ou solução imediata, mas acho que o debate sério sobre a questão é o primeiro passo
Caramba, tantos pontos bons. Obrigada, é isso que eu espero encontrar numa discussão sobre IA e não ficar debatendo se (e o que) é plágio (só do ponto de vista de quem copia e cola) ou não. Vamos lá, alguns pontos eu gostaria de articular melhor com o que eu venho pensando e sentindo (are you human?):
1) A IA se alimenta do que está disponível na Internet. Isso significa que tudo que temos produzido enquanto humanos conectados serve para alimentar a IA, logo estamos constantemente sendo plagiados e (agora com o uso da IA) plagiando? Não sei se concordo muito com isso. Primeiro que me dá uma sensação de zero surpresa considerar que tudo que produzo está sendo utilizado por algo/alguém. Esse é o jogo. Ninguém aqui está sendo enganado (ou não deveria achar que está). E saúdo meus amigos que estão o tempo todo buscando alternativas a isso: utilizando software livre, criando softwares, hackeando o sistema de seus próprios celulares, etc. Confesso que desde que entendi que eu não tenho habilidades para ser hacker e nem desenvolvedora, passei a aceitar melhor minha condição de trabalhadora não remunerada de grandes corporações (não que não doa, não que eu não tente inventar saídas que infelizmente meu smartwatch registra através de seu GPS). Então eu não sinto que é plágio o fato da IA utilizar tudo que produzimos (e perceba, reconheço que esse “tudo” é bastante situado), para através de seu sistema de linguagem cuspir o que é mais apropriado às nossas questões.
2) Claro que a questão do plágio possui várias camadas e antes de mais nada seria preciso definir os termos e as perguntas. Como por exemplo: Foi alimentada - individualmente - com referências? O autor simplesmente deu o tema e pediu que a IA gerasse tudo “sozinha”? Ele editou alguma parte? Ele pediu que ela formulasse frases a partir de ideias que ele mesmo teve? Quem leu/construiu a bibliografia? Enfim… faz sentido para você?
3) Sobre a regulamentação… acho que ela só vai avançar se for interesse do Capital. Pq se for somente regulamentar enquanto legislar, esquece, sempre vai haver formas de burlar. Um exemplo disso é a substituição da mp3 pelo streaming. No caso dos livros ainda não conseguiram criar uma alternativa, é por isso que a zlibrary cai, mas ressurge, e enquanto tá off - o Telegram está cheio de boots que resolvem isso. O capitalismo só tem ganhado com a IA (ao menos por enquanto): ele ganha enquanto a gente paga as versões plus, e ganha quando a gente trabalha mais e mais rápido. Quem quer regulamentar isso? É um ganha-ganha-ganha (dele) perante a um ganha-perde-defina você aqui (nosso).
4) Eu reconheço (e aceito) as perdas (ao menos as que estão claras para mim) e assumo os ganhos. Com ela economizo muito tempo. Tempo que não é revertido em mais trabalho, muito pelo contrário, é revertido em tempo livre (e aqui nós temos uma questão). Acho que formular melhores perguntas sobre o uso do nosso tempo em nossa época pode nos ajudar a entender e a criticar melhor o uso da IA: copiar e colar Chat, relaciona para mim a Biopolítica de Foucault com a Psicopolitica de Byung Chun e me explique como meu tempo de vida está sendo capturado pelo capitalismo, mesmo quando eu acho que estou tendo mais tempo livre fazendo uso da IA.
5) Podemos perguntar ao chat como escapar disso.
6) Acho importantíssimo a gente considerar sempre os impactos ecológicos do uso da IA. Além dos impactos políticos, sociais, a visão de mundo que alimenta ela, etc etc etc, e que você traz muito bem colocado no texto.
Oiii! Primeiro, que bom que curtiu, e feliz que voce sentiu que rendia a conversa! Vamos lá, por itens:
1) eu acho que essa questão de dados e trabalho sendo apropriado por empresas de tech é bem maior que IA, entra na lógica econômica do mercado de tech que se alimenta dessa troca de conveniência por dados. Eu acho que não é uma coisa individual, que todo mundo tinha que largar as redes etx, acho que podemos olhar para isso como uma troca mutua, ma sonha preocupação é que a gente está do lado mais fraco, com menos poder econômico e político, e sem controle do jogo. A assimetria da relação não é algo claro pra todo mundo, e no geral temos uma ilusão de agência e escolha. Eu não tenho uma medida ou solução imediata, mas acho que o debate sério sobre a questão é o primeiro passo
2) eu acho que plágio tem camadas: se você considerar que o treinamento de IA é feito de dados roubados (que nesse caso, vai mesmo muito além de termos e condições- a meta baixou livro pirata, a open ai já declarou que é impossível treinar só com material autorizado), tudo que ela produz acaba sendo uma forma de plágio, mesmo que não gere resultados diretamente comparáveis com o material inicial. É um ponto de vista mais absoluto da coisa. Pensando em dia a dia, é bem debatível - passaria por um letramento digital e uma visão de produção textual e de imagem, de uma "consciencia", mas que eu não acredito que seja algo realmente ao nosso alcance de construir coletivamente. Vamos observando como isso vai desenrolar em termos de cultura geral mesmo.
3) regulamentação realmente vem do capital, e também pode criar uma tendência para oligopolio, por ter multas e custos de regulação altissjmos que impedem novos entrantes no mercado. FATO. Eu acho que ela sozinha n resolve, como n resolveu várias questões de rede sociais. Porém, acredito que é a via mais prática e acessível, apesar de bem reformista
5) kkkk socorro
6) essa parte ecológica principalmente é ultra importante, mas honestamente n acho que é algo que toca as pessoas de fato, sabe? Por isso tento ampliar o debate.
Ah e sobre “produzir” “arte” com a IA… tem taaaaaantas camadas, né?… fico pensando o tanto que foi discutido sobre o digital nas artes (em geral) ao longo das últimas décadas. Eu sempre curti esse lance provocativo de encontrar uma pixação Are you human? em um muro qualquer, por exemplo. Coisa que tinha mais efeito ali em 2010. Gosto de (re) imaginar que tudo que a gente faz aqui se resume a um bando de 0 e 1 enfileirados.
Eu venho de uma área (jornalismo) profundamente afetada por todas essas mudanças. Em 2010 a gente tava tentando entender a fotografia digital. Em 2012 eu estava escrevendo sobre jornalismo colaborativo no meu TCC e agora a gente tá aqui pensando a conteudização da vida e se a IA vai nos roubar um trabalho que nem de diploma precisa mais.
Acho que no fim das contas a gente tá discutindo filosofia - e isso só nós seres animados (e com tesão) podemos fazer.
A questão da arte me pega muito, porque você vai lá e tira o principal sentido de uma coisa - que é o seu processo. Acho que o debate de precarização tem camadas, mas o de arte realmente me dói. Tenho pensado muito também sobre os debates do digital na arte, sabia? Tenho até me voltado bem mais ao analógico.
Ainda não tinha lido um texto tão didático que não só bem apresentasse o tema, mas jogasse luz nas REAIS discussões que deveríamos ter.
Eu não quero uma internet populada por LLMs, conteúdos rasos ultraprocessados e impessoais, eu quero ver gente, ler GENTE, falar com gente. Não pode ser pedir demais, isso.
Esse é um dos temas do álbum que estou compondo e quero fazer pelo menos uma música com a temática das IAs/LLMs.
Muito bom, finalmente um pouco mais de conteúdo sobre esse assunto, parabéns !
a gente tá matando o tesão de viver (e criar de humano para humano)!
Eita, imagina se não tivesse preguiça e contas pra pagar. Que texto, amiga!
que edição boa, nossa senhora! e esse título <3
(e obrigada pela indicação!)
Brigadaaaa! Pensei no título antes do texto e escrevi o resto na força do ódio
Eu quero imprimir, tatuar, escancarar aos quatro ventos cada linha desse texto. Ele traduz demais tudo o que vejo e penso sobre IA de uma maneira genial. De verdade, obrigada por ele! Que incrível!
Obrigada!!! Bati muito a cabeça pra organizar o pensamento nesse, mas fiquei feliz com o resultado
eu não aguento mais explicar que IA nunca teve, não tem e nunca terá consciência rs mas as pessoas estão num outro nível, uma parada de identificação, como se a IA fosse parte delas. sabe? enfim.
obrigada pelo texto, IA não tem consciência e nem tesão mesmo
SIM!! As pessoas estão num delírio de identificação e sensação de acolhimento que me deixar meio preocupada na real. Sigo disposta até a desenhar pra entenderem que robô é robô e gente é gente
Oii! Primeiro, que bom que curtiu, e feliz que voce sentiu que rendia a conversa! Vamos lá, por itens:
1) eu acho que essa questão de dados e trabalho sendo apropriado por empresas de tech é bem maior que IA, entra na lógica econômica do mercado de tech que se alimenta dessa troca de conveniência por dados. Eu acho que não é uma coisa individual, que todo mundo tinha que largar as redes etx, acho que podemos olhar para isso como uma troca mutua, ma sonha preocupação é que a gente está do lado mais fraco, com menos poder econômico e político, e sem controle do jogo. A assimetria da relação não é algo claro pra todo mundo, e no geral temos uma ilusão de agência e escolha. Eu não tenho uma medida ou solução imediata, mas acho que o debate sério sobre a questão é o primeiro passo
2)
Caramba, tantos pontos bons. Obrigada, é isso que eu espero encontrar numa discussão sobre IA e não ficar debatendo se (e o que) é plágio (só do ponto de vista de quem copia e cola) ou não. Vamos lá, alguns pontos eu gostaria de articular melhor com o que eu venho pensando e sentindo (are you human?):
1) A IA se alimenta do que está disponível na Internet. Isso significa que tudo que temos produzido enquanto humanos conectados serve para alimentar a IA, logo estamos constantemente sendo plagiados e (agora com o uso da IA) plagiando? Não sei se concordo muito com isso. Primeiro que me dá uma sensação de zero surpresa considerar que tudo que produzo está sendo utilizado por algo/alguém. Esse é o jogo. Ninguém aqui está sendo enganado (ou não deveria achar que está). E saúdo meus amigos que estão o tempo todo buscando alternativas a isso: utilizando software livre, criando softwares, hackeando o sistema de seus próprios celulares, etc. Confesso que desde que entendi que eu não tenho habilidades para ser hacker e nem desenvolvedora, passei a aceitar melhor minha condição de trabalhadora não remunerada de grandes corporações (não que não doa, não que eu não tente inventar saídas que infelizmente meu smartwatch registra através de seu GPS). Então eu não sinto que é plágio o fato da IA utilizar tudo que produzimos (e perceba, reconheço que esse “tudo” é bastante situado), para através de seu sistema de linguagem cuspir o que é mais apropriado às nossas questões.
2) Claro que a questão do plágio possui várias camadas e antes de mais nada seria preciso definir os termos e as perguntas. Como por exemplo: Foi alimentada - individualmente - com referências? O autor simplesmente deu o tema e pediu que a IA gerasse tudo “sozinha”? Ele editou alguma parte? Ele pediu que ela formulasse frases a partir de ideias que ele mesmo teve? Quem leu/construiu a bibliografia? Enfim… faz sentido para você?
3) Sobre a regulamentação… acho que ela só vai avançar se for interesse do Capital. Pq se for somente regulamentar enquanto legislar, esquece, sempre vai haver formas de burlar. Um exemplo disso é a substituição da mp3 pelo streaming. No caso dos livros ainda não conseguiram criar uma alternativa, é por isso que a zlibrary cai, mas ressurge, e enquanto tá off - o Telegram está cheio de boots que resolvem isso. O capitalismo só tem ganhado com a IA (ao menos por enquanto): ele ganha enquanto a gente paga as versões plus, e ganha quando a gente trabalha mais e mais rápido. Quem quer regulamentar isso? É um ganha-ganha-ganha (dele) perante a um ganha-perde-defina você aqui (nosso).
4) Eu reconheço (e aceito) as perdas (ao menos as que estão claras para mim) e assumo os ganhos. Com ela economizo muito tempo. Tempo que não é revertido em mais trabalho, muito pelo contrário, é revertido em tempo livre (e aqui nós temos uma questão). Acho que formular melhores perguntas sobre o uso do nosso tempo em nossa época pode nos ajudar a entender e a criticar melhor o uso da IA: copiar e colar Chat, relaciona para mim a Biopolítica de Foucault com a Psicopolitica de Byung Chun e me explique como meu tempo de vida está sendo capturado pelo capitalismo, mesmo quando eu acho que estou tendo mais tempo livre fazendo uso da IA.
5) Podemos perguntar ao chat como escapar disso.
6) Acho importantíssimo a gente considerar sempre os impactos ecológicos do uso da IA. Além dos impactos políticos, sociais, a visão de mundo que alimenta ela, etc etc etc, e que você traz muito bem colocado no texto.
É isso, ufa! Adorei te ler.
Oiii! Primeiro, que bom que curtiu, e feliz que voce sentiu que rendia a conversa! Vamos lá, por itens:
1) eu acho que essa questão de dados e trabalho sendo apropriado por empresas de tech é bem maior que IA, entra na lógica econômica do mercado de tech que se alimenta dessa troca de conveniência por dados. Eu acho que não é uma coisa individual, que todo mundo tinha que largar as redes etx, acho que podemos olhar para isso como uma troca mutua, ma sonha preocupação é que a gente está do lado mais fraco, com menos poder econômico e político, e sem controle do jogo. A assimetria da relação não é algo claro pra todo mundo, e no geral temos uma ilusão de agência e escolha. Eu não tenho uma medida ou solução imediata, mas acho que o debate sério sobre a questão é o primeiro passo
2) eu acho que plágio tem camadas: se você considerar que o treinamento de IA é feito de dados roubados (que nesse caso, vai mesmo muito além de termos e condições- a meta baixou livro pirata, a open ai já declarou que é impossível treinar só com material autorizado), tudo que ela produz acaba sendo uma forma de plágio, mesmo que não gere resultados diretamente comparáveis com o material inicial. É um ponto de vista mais absoluto da coisa. Pensando em dia a dia, é bem debatível - passaria por um letramento digital e uma visão de produção textual e de imagem, de uma "consciencia", mas que eu não acredito que seja algo realmente ao nosso alcance de construir coletivamente. Vamos observando como isso vai desenrolar em termos de cultura geral mesmo.
3) regulamentação realmente vem do capital, e também pode criar uma tendência para oligopolio, por ter multas e custos de regulação altissjmos que impedem novos entrantes no mercado. FATO. Eu acho que ela sozinha n resolve, como n resolveu várias questões de rede sociais. Porém, acredito que é a via mais prática e acessível, apesar de bem reformista
5) kkkk socorro
6) essa parte ecológica principalmente é ultra importante, mas honestamente n acho que é algo que toca as pessoas de fato, sabe? Por isso tento ampliar o debate.
Obrigada pelo debate!
Ah e sobre “produzir” “arte” com a IA… tem taaaaaantas camadas, né?… fico pensando o tanto que foi discutido sobre o digital nas artes (em geral) ao longo das últimas décadas. Eu sempre curti esse lance provocativo de encontrar uma pixação Are you human? em um muro qualquer, por exemplo. Coisa que tinha mais efeito ali em 2010. Gosto de (re) imaginar que tudo que a gente faz aqui se resume a um bando de 0 e 1 enfileirados.
Eu venho de uma área (jornalismo) profundamente afetada por todas essas mudanças. Em 2010 a gente tava tentando entender a fotografia digital. Em 2012 eu estava escrevendo sobre jornalismo colaborativo no meu TCC e agora a gente tá aqui pensando a conteudização da vida e se a IA vai nos roubar um trabalho que nem de diploma precisa mais.
Acho que no fim das contas a gente tá discutindo filosofia - e isso só nós seres animados (e com tesão) podemos fazer.
A questão da arte me pega muito, porque você vai lá e tira o principal sentido de uma coisa - que é o seu processo. Acho que o debate de precarização tem camadas, mas o de arte realmente me dói. Tenho pensado muito também sobre os debates do digital na arte, sabia? Tenho até me voltado bem mais ao analógico.
Enfim, bom trocar com seres animados e com tesão!
Muito informativo. Obrigada
Ainda não tinha lido um texto tão didático que não só bem apresentasse o tema, mas jogasse luz nas REAIS discussões que deveríamos ter.
Eu não quero uma internet populada por LLMs, conteúdos rasos ultraprocessados e impessoais, eu quero ver gente, ler GENTE, falar com gente. Não pode ser pedir demais, isso.
Esse é um dos temas do álbum que estou compondo e quero fazer pelo menos uma música com a temática das IAs/LLMs.
Excelente texto!! 👏🏼👏🏼👏🏼